6 de maio de 2010

Plínio Marcos – o grande sucessor

Por Danielle Di Carla

“A arte não pode ser subordinada ao seu sujeito, pois nesse caso não é arte e sim biografia, e biografia é a malha através da qual a vida real escapa”. Foi exatamente com essa frase de Oscar Wilde que o jornalista, ator, dramaturgo e diretor Oswaldo Mendes iniciou o prólogo do livro Bendito Maldito, a mais completa biografia de Plínio Marcos, dramatugo santista considerado o sucessor de Nelson Rodrigues.

Por mais que eu não seja um olho assíduo por detrás das cortinas teatrais, reconheço como cidadã a importância de Plínio diante do cenário cultural brasileiro. Além de ir contra todos os paradigmas, Plínio Marcos de Barros é referência para todos aqueles que eternizam ou vivem para eternizar o nosso teatro. E por isso, muitas vezes me questiono “como” muitas pessoas não sabem sequer do que e para que dedicou-se o “Bendito Maldito”. E é para isso que hoje estou aqui.
Corajoso, impetuoso, sagaz – Plínio é orgulho especial para todos os santistas. Afinal, foi justamente em terras caiçaras que ele deu seus primeiros passos e realizou suas primeiras afrontas em liguagem cênica. Afrontas em uma época que como diria o jornalista Boris Casoy, “joelho” era palavrão. Suas palavras eram demasiadamente fortes para os tempos em que viveu. Seu enredo teatral mostrava a realidade sobre verdades escondidas. Sua linguagem estereotipada muitas vezes por palavrões exibia a retratação das angústias, sofrimentos e indagações do seu maior apreço – o povo. E foi pelo povo e para o povo que Plínio fez teatro. Durante a ditadura militar, barrado em sua maior tribuna, dedicou-se ao jornalismo, e como crítico esportivo, levou um olhar diferenciado às suas crônicas. Olhar pelo qual foi censurado e muitas vezes limitado de elevar suas personagens à categoria as quais mereciam. Através de Barrela, Dois Perdidos Numa Noite Suja, Mancha Roxa, entre outras, Plínio retratou em seus enredos as pessoas que estavam à margem da sociedade, detidas e submetidas à um momento que as proibiam de expressar-se.
Por fim, eu poderia ficar horas escrevendo sobre esse tal “Bendito Maldito”, mas não poderia fazê-lo em menos de quatrocentas páginas ou mais. Por isso, aos amantes, admiradores ou praticantes dessa mais nobre arte, finalizo esse post com um único adjetivo – admirável – talvez a mais simples definição para resumir a grandiosidade da obra de Plínio Marcos de Barros.

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Fotos: Divulgação

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